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Ultrassom na gravidez: quantos a grávida tem que fazer?

Por Fernanda Montano e Naíma Saleh

A ultrassonografia será sua grande companheira durante todo o pré-natal. Com ela, você poderá acompanhar o crescimento do bebê e até mesmo ver a carinha dele antes de vir ao mundo. Quem diria que essa tecnologia, que foi criada na Primeira Guerra Mundial para ajudar na navegação, um dia seria usada para desenhar os contornos do seu filho? Pois ela se tornou tão fundamental que, desde 2010, o SUS oferece cobertura integral para o exame. E serão pelo menos quatro deles (se quiser fazer mais, não há risco nenhum): dois no primeiro trimestre e um em cada trimestre seguinte. Nessas consultas, você vai conhecer melhor o bebê dentro da sua barriga. Saiba o que esperar de cada uma delas.

 

Ultrassom #1
Quando fazer: entre 5 e 8 semanas
O que ele verifica: quantidade de embriões, localização da gravidez, tempo de gestação

A primeira ultrassonografia normalmente é feita por via transvaginal, para obter melhor visualização, já que, nesse período, o feto mede em torno de cinco milímetros. Às vezes, pode ser necessária uma complementação com ultrassonografia abdominal, o que não quer dizer que algo esteja errado. “Não é sinal de que o médico esteja preocupado, tem mais a ver com a posição do útero, que interfere na qualidade da imagem”, esclarece Javier Miguelez, especialista em sexagem fetal do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).

Nesse primeiro ultrassom, verificam-se quantos bebês estão se desenvolvendo e, a partir da 6ª semana, já é possível ouvir o coração. Em alguns casos, acontece de o profissional não conseguir ver o feto ou ouvir os batimentos cardíacos, o que é um indício de que a mulher esteja grávida há menos tempo do que imagina – e que precisará repetir o exame dentro de sete a dez dias. Se você estiver esperando gêmeos, dá para ver se eles dividem a mesma placenta ou se estão se desenvolvendo separadamente (o que determina se serão idênticos ou não). Outro ponto importante é ver se a criança está localizada no útero ou nas trompas. Também é no comecinho da gravidez o melhor momento para medir com precisão a idade do feto, pois, nessa fase, a margem de erro varia de cinco a sete dias. Para se ter uma ideia, fazendo a medição no segundo trimestre, ela aumenta para 15 dias e, no terceiro, para 30 dias.

 

Ultrassom #2
Quando fazer: entre 11 e 14 semanas
O que ele verifica: anatomia do feto, risco de doença genética, translucência nucal

Esse segundo exame é chamado de morfológico do primeiro trimestre. Trata-se de uma ultrassonografia mais detalhada, que analisa a formação dos órgãos e de toda a estrutura do feto. Nela, realiza-se a translucência nucal, quando os médicos medem o espaço na região do pescoço para determinar problemas cromossômicos, como a síndrome de Down. O resultado desse procedimento é inserido em um software, junto com outros dados, como a idade da mãe e antecedentes de doença genética na família, para calcular a porcentagem de risco de doenças cromossômicas. Além do ultrassom, é recomendado realizar também um exame de sangue para verificar as dosagens dos hormônios PAPP-A e Beta-HCG livre, para aumentar a precisão do cálculo para doenças genéticas.

O sexo do bebê só pode ser determinado com segurança, por meio do ultrassom, a partir da 16ª semana. Por isso, é normal que as mães realizem mais um exame nesse intervalo (e o plano de saúde ou SUS deve cobrir todos, se houver pedido médico). Mas, se você conseguir se segurar, pode passar direto para o...

 

Ultrassom #3
Quando fazer: entre 20 e 24 semanas
O que ele verifica: o sexo do bebê com mais certeza, risco de má formação e de doença genética, condições da placenta e do líquido amniótico

No ultrassom morfológico do segundo trimestre é feita uma avaliação ainda mais completa do bebê. Identifica-se a existência de diversos tipos de más-formações, desde lábio leporino até cardiopatias e problemas renais – estima-se que 80% desses distúrbios possam ser detectados com esse exame. Realiza-se também uma avaliação preliminar das condições da placenta, com o recurso do doppler, que avalia a circulação sanguínea. Caso os nutrientes não estejam passando da mãe ao feto como deveriam, o crescimento do bebê pode ser prejudicado. Observa-se também se o líquido amniótico está em boas condições.

Uma complementação do terceiro exame é realizada via transvaginal, para medir com exatidão o colo do útero. É desse modo que se avalia o risco de parto entre a 26ª e 30ª semana, que é o período mais preocupante de antecipação do nascimento. Quanto mais curto é o colo do útero, maior a chance de o bebê nascer prematuro. Desse modo, o médico tem tempo de colocar a mulher em repouso e prescrever a medicação adequada para evitar o problema.

Ultrassom #4
Quando fazer: entre 28 e 32 semanas
O que ele verifica: crescimento e peso do bebê, funcionamento e localização da placenta

Este último ultrassom é chamado de obstétrico e seu foco é o crescimento do bebê. Ele também descarta algumas formações de diagnóstico tardio, como a hidrocefalia. Nesse exame final, a placenta recebe atenção especial. Avalia-se com mais detalhes a circulação de sangue por meio dela: se for inferior ao esperado, há chances de que o parto precise ser adiantado. Além disso, a partir da 26ª semana, espera-se que a placenta já esteja em sua posição definitiva, afastada do cólo do útero, que é por onde o bebê vai sair. Quando ela está obstruindo esse orifício, é chamada de “placenta prévia” e pode impedir o parto normal, além de ser um fator de risco para sangramentos.

Dicas para um bom exame

- Vá acompanhada. É importante que você tenha alguém ao seu lado para dividir a ansiedade e a alegria de ver seu bebê pela primeira vez.

- Evite levar crianças nos primeiros exames. Ainda que a possibilidade de descobrir que algo não vai bem seja baixa, é melhor evitar surpresas. Já no último exame é até recomendado levar os irmãos, como uma maneira de conectá-los com o novo membro da família.

- Recomenda-se que a mãe coma algum alimento rico em carboidrato antes do exame, como um chocolate, para o bebê se movimentar mais na barriga. Para os ultrassons transvaginais, é bom estar com a bexiga vazia. Fora isso, não tem outro tipo de preparação.

Outras fontes: Renato Sá, coordenador de obstetricia do Grupo Perinatal e professor de Obstetrícia da Universidade Federal Fluminense (RJ); Mário Burlacchini, professor-doutor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP (SP)

 

https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2013/02/ultrassom-entenda-como-funciona-o-exame-e-o-que-esperar-de-cada-resultado.html?fbclid=IwAR36Ldfeba48_XkLYAXkHKHe3WhQTjG25SNNfc0vPmHlLWVMlxhjpbvZVDM

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